quarta-feira, 14 de julho de 2010

Eteocles, Antígona, Polinices y otros hermanos

por Viegas Fernandes da Costa

“Eteocles, Antígona, Polinices y otros hermanos”, dirigida por Farley Velásquez e apresentada pelos alunos de Teatro da Universidad de Antioquia (Medellín, Colômbia), abriu a Mostra Universitária Ibero-Americana, na tarde de segunda-feira (12/07). Em uma espécie de arena montada sobre o palco do Grande Auditório Heinz Geyer do Teatro Carlos Gomes, o grupo Colombiano adaptou textos da tragédia grega escritos por Sófocles e Ésquilo. Na primeira parte da peça, os atores interpretam a história dos irmãos Polinice e Etéocles, que lutam entre si até a morte pelo domínio de Tebas. Após a luta, o rei Creonte proíbe o sepultamento do corpo de Polinice, considerado traidor. Já na segunda parte, a trama se desenvolve em torno das irmãs de Polinice e Etéocles, Antígona e Ismênia. Enquanto Antígona resolve afrontar as leis do Estado sepultando o irmão proscrito, Ismênia opta por respeitar as leis em temor a estas. Como pano de fundo a peça apresenta a questão da natureza da justiça e da verdade.
Com aproximadamente duas horas de duração, a montagem desenvolvida pelos alunos da Universidad de Antioquia apresenta dois momentos estéticos e de gênero diferentes: o primeiro que chamaremos de trágico e que apresenta uma estética mais ritualística, e o segundo, melodramático e palaciano. Essa distinção da peça em dois momentos talvez tenha prejudicado o desenvolvimento de uma montagem que inicia com muita força simbólica, porém conclui-se num “arrastar” demasiado dramático e cansativo. Uma proposta que tivesse optado por manter a linha condutora ritualística, heróica e quase tribal da primeira parte, possivelmente teria mantido a suspensão da plateia, mergulhada que estava nos movimentos, jogos vocais e recursos cênicos adotados no espetáculo.
Como pontos altos da peça podemos destacar o figurino e suas máscaras hediondas, o cenário, a impressionante qualidade vocal, preparo físico e engajamento dos atores, bem como a sincronicidade nas saídas e entradas em cena. Em tempos contemporâneos, onde espetáculos precisam ser montados “a toque de caixa”, é bom vermos um trabalho de preparação vocal e corporal que exigiu trabalho e estudo intensos. Por outro lado, a trilha sonora, extremamente repetitiva e pouco original, e a criação de uma iconografia que já se transformou em clichê, como por exemplo o momento em que Tirésias surge em cena, no alto de um monte, em meio à névoa e uma luz baça (lembrando motivos bíblicos que por diversas vezes afrontaram nossas retinas), frustram o extraordinário impacto que o espetáculo anunciava.
Ao término do espetáculo, e considerando suas qualidades e problemas, permaneceu a impressão, entretanto, que “Eteocles, Antígona, Polinices y outros hermanos” proporciou uma experiência de fruição artística memorável.

Fotos: Daniel Zimmermann / CCM Furb

Um comentário:

  1. Eu sou Gustavo Garcia, ator de Eteocles, Antigona, Polinices y otros hermanos da colômbia.
    Meu personagem é Polinices, me gostaria falar con vocês sobre o processo da montagem, e
    nossa realidade política que produz a ambigüidade no trabalho.
    Duas obras gregas, processo de acordo com o nosso diretor fundamental para a graduação como atores, para lidar com as origens do teatro, e olhar como se atualiza o estudo do poder ao lungo da história.
    Nosso creonte cambia a estética da tragédia, é o retrato de um pequeno tirano que governa a Colômbia.
    Antigona pasa as leis do estado e enterra seu irmão guerrilhero, e ismênia silenciosa como a Colômbia.
    Esta é uma tragédia dramática e é baseado na força da vibração dos corpos e arrancando da voz as emoções profundas desses personagens.
    Obrigado.
    Gracias por todo, el festival estuvo fantástico y que bueno que se abran estos espacios de comunicación y opinión.

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