Canoeiros da alma
por Viegas Fernandes da Costa
Na noite do dia 14/07, sob o frio intenso e úmido que se abateu sobre o Vale do Itajaí, o “Coletivo Teatro da Margem”, da Universidade Federal de Uberlândia (MG), apresentou o espetáculo “Canoeiros da alma”, no galpão da central de veículos da Prefeitura Municipal de Blumenau. O espetáculo integra a Mostra Universitária Nacional, e a escolha do local da apresentação já indicava tratar-se de peça pouco convencional.
Com texto de Luis Carlos Leite e direção de Narciso Telles, “Canoeiros da alma” surgiu das leituras que o coletivo fez do universo das pessoas que habitam as margens do rio no Vale do Jequitinhonha. Rio que é sempre diferente, quando diferentes os olhos ou a alma de cada um que busca suas águas, suas margens e as experiências que se constróem em seu entorno. O sagrado e o profano, a vida e a morte, a pobreza e a riqueza, o dito e o não-dito, candura e violência são temas que surgem no desenrolar do espetáculo, que apesar de possuir uma narrativa que o conduz, é composto por muitas peças que se sobrepõem, muitas vezes de forma simultânea, convidando o público a ter uma experiência direta e íntima com os personagens.
“Canoeiros da alma” não é um espetáculo que se assiste, mas do qual se participa. Não há poltronas, arquibancada ou palco, mas um imenso pátio mergulhado na penumbra e no qual atores e público se misturam, os focos de luz indicando pontos de tensão dramática para onde cada espectador é convidado a dirigir sua atenção e no qual se desvelam tipos e suas histórias intrínsecas: um grupo jogando cartas, uma procissão, um oratório, os vendedores ambulantes, o suicida, os noivos, as lavadeiras, a sensualidade da vida e a violência da morte, velas, gritos, voz e força, enfim, todo um universo complexo e do qual é impossível se apropriar enquanto totalidade una. O que se tem é o tumulto da vida real, a azáfama de uma feira, a solidão de multidão, mas que a peça procura problematizar quando propõe histórias que possuem voz e rosto, histórias de gente anônima das quais sequer supomos existência. E todos lavam suas roupas, e todos lavam seus corpos, como se a alma estivessem a lavar.
Sem exageros, um cenário intimista ao qual o público é convidado a tocar e interagir, e com figurinos, trilha sonora e elementos cênicos que procuram inserir a todos no contexto simbólico do Vale do Jequitinhonha, “Canoeiros da alma” impressionou e arrebatou o público.
Fotos: Divulgação e Daniel Zimmermann / CCM Furb.
Querido Viegas,
ResponderExcluirque belo texto nos presenteia!
Espero que essa passagem tenha sido a primeira de muitas que o Coletivo Teatro da 'MARGEM' (corrige lá) faz e fará por Blumenau.
Peço permissão para publicar seu texto em nosso blog: cteatrom.blogspot.com
Espero confirmação.
Grande Abraço
Olá Samuel, prazer em te ter por aqui! Quanto ao texto, claro, podes reproduzi-lo.
ResponderExcluirReceba nosso forte e fraterno abraço, ampliado a todos do grupo!
Até mais,
Viegas
Veigas, obrigada pelas palavras sensíveis!
ResponderExcluirObrigada por compartilhar conosco aqueles momentos...
beijos..
Belas fotografias...
Viegas, que bacana, sou poeta nascido às margens do Jequitinhonha e meu universo literário é quase todo pautado na cultura ribeirinha, lavadeiras, canoeiros, pescadores habitam a minha poesia de maneira muito profunda. Vamos fazer contato, quem sabe uma hora dessas eu possa ir lançar meu livro na cidade de Uberlândia.
ResponderExcluirParabéns e um grande abraço.
Ah, segue meu contato :
ResponderExcluirE-mail : cbento189@gmail.com
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Moro em BH.