Clown Bar
Viegas Fernandes da Costa
Sob a direção de José Tonezzi, o
Núcleo de Experimentações e Estudos do Cômico (NEECO) da Universidade Federal
da Paraíba subiu ao palco do Pequeno Auditório Willy Sievert no segundo dia do
FITUB para apresentar ao público a peça “Clown Bar”, um conjunto de esquetes
cômicos que não possuem relação entre si, salvo o fato de estarem ambientados em
um bar.
O cenário é muito simples, apenas
uma mesa coberta por uma toalha e ocupada por uma garrafa de bebida que levava
no rótulo o símbolo de algo venenoso. Neste bar cinco atores clowns revezam-se
nas cenas cômicas e representam diversos tipos: a balconista ordinária, o
bêbado esfarrapado, o playboy, o banhista afetado e esnobe, o pintor ridiculamente
travestido à moda clássica e o monge anão com pés de pato (personagem
encantador e destaque da peça). As cenas apresentam uma série de gags
clássicas, e algumas propõem uma reflexão sobre o fetiche de produtos culturais
propalados pela mídia e consumidos pelo público numa lógica de “fast-food”
descartável. Neste sentido, a montagem do grupo da Paraíba mantém-se
contemporânea. Ao fazer uso de clichês e gags clássicas, desperta o riso, mas
também nos leva a questionamentos do tipo: afinal, o que faz tantos e tantos de
nós a “curtir”, por exemplo, uma “dança da motinha”?
Se, por um lado, “Clown Bar”
tinha como principal propósito divertir e provocar gargalhadas no público,
atingiu seu objetivo. Por outro, não apresentou novidades, e muitas cenas
tornaram-se excessivamente longas e cansativas. Flertando com a malícia e o
absurdo, e justamente por apresentar um universo cômico capaz de ser
reconhecido pelo público, despertou empatia da plateia, mas também fez com que
os números se tornassem por demais previsíveis. Presos aos tipos, os atores
acabaram por reproduzir estereótipos clássicos sem demonstrar grandes recursos
de interpretação. Exceção feita ao personagem final da peça, um monge anão e
corcunda, com pés de pato e braços cortados, figura grotesca elevada à
graciosidade pela qualidade de interpretação de seu ator.
“Clown Bar”, uma peça divertida,
mas que podia ter mostrado mais.
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